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O LIMOEIRO E A BERGAMOTEIRA

  O LIMOEIRO E A BERGAMOTEIRA Cheguei perto do portão para dar alguns quitutes para as galinhas e escutei um farfalhar de folhas muito forte, e nem tinha tanto vento para um farfalhar tão forte e expressivo. Abri o portão e fui até lá para ver. Fui me aproximando e percebi que a Bergamoteira reclamava para o Limoeiro: - Não dá para deixar de se roçar nos meus galhos? Sou frágil e posso quebrar com esses teus galhos fartos e fortes. - Para de reclamar, não posso fazer nada, estou crescendo, me desenvolvendo mais do que tu, por isso meus galhos estão se esticando e encostando em ti. Mas não quero te machucar. - Mas está me machucando, estou quase me quebrando, não percebe? - Desculpa querida Bergamoteira, tu estás linda, tuas flores cheiraram muito pois destes muitas flores e teus frutos estão vindo vagarosamente. Não quero te prejudicar. Escutando aquilo, cheguei perto e percebi um galho com tronco forte, quase grosso, que estava encostando na Bergamoteira. Levantei um...

AMORAS

  AMORAS Desde a semana passada (início de novembro/2025), estou na colheita diária de amoras silvestres. Não são aquelas amoras de árvores grandes de folhas grandes, não, são amoras maiores e nos caules delas tem espinhos que arranham pior que unha de gato. Trouxe uma muda de SC, e agora já temos uma produção bem grande pois ela se alastra e temos até que podá-la pois ela vai invadindo todos os espaços que lhes é permitido invadir, sem pedir permissão. A vantagem é que elas produzem bastante frutos. Frutos grandes, que chegam a pesar entre 6 a 9g. Pois bem, estou escrevendo esse texto porque ao colher agora, há pouco, as amoras no meu pátio, que ficam junto com as hortelãs e as videiras, e com sentimento de culpa por estar pisoteando as hortelãs e sentindo o cheirinho delas sendo maceradas pelos meus pés que tinham de estar ali para melhor me aproximar das amoras que estavam saltitando aos meus olhos, prontas para serem colhidas e degustadas, pois são saborosas demais. Enquant...

PALAVRAS

 PALAVRAS Desde ontem (22/9/25) no trajeto em busca diária do jornal, surgiu à minha mente a palavra PALAVRAS e várias ideias foram bombardeando meus pensamentos, invadindo sem pedir permissão, com frases de diversos assuntos e sempre voltava PALAVRAS como sendo o centro de tudo.  Quando cheguei em casa, lendo o jornal me deparei com muitas palavras, como sempre me deparo ao ler o jornal, ao ler o whattsapp, ao ler o facebook, ao ler o livro que estou diariamente lendo, mas o pensamento era para eu escrever sobre as palavras, sobre os seus sentidos, sobre as suas maneiras de serem faladas, pronunciadas ou ditas, como são lidas e entendidas, como são escutadas ou ouvidas. Diante tudo isso, como elas, as palavras são, principalmente, interpretadas.  E hoje, ao conversar com amigos num grupo de whattsapp, me deparei com uma dificuldade que sempre tive, a vida toda, obtendo cobranças, avisos, alertas e muitas críticas por ter um jeito de pensar diferente, uma maneira de ficar...

APRENDER

  APRENDER Não lembro mais qual foi o gatilho para que eu viesse a escrever sobre essa palavra APRENDER. Lembro que estava vindo do mercado e avistei ou ouvi alguma coisa que me remeteu a essa palavra, e, assim como sempre acontece, comecei a divagar sobre o significado e como funciona essa palavra. O que é aprender? A partir dessa pergunta comecei a pensar que o aprendizado já começa no instante momento em que somos arremessados para fora de nossa mãe – no parto normal, ou tirados na cesariana -, e a primeira coisa que devemos fazer para nos mantermos vivos e seguirmos nossa vida seja ela como será conforme a vontade de Deus que nos enviou para algo fazermos, algo sermos e também termos, é soltar o berro, ou seja, chorar – porque não, sorrir? – para nossos pulmões se abrirem e começarem sua função de receber o oxigênio por nossa conta e risco – chega de receber respiração da mamãe, e ficar deitado em berço esplêndido ao som do mar, opa, não era um mar, embora tivesse muito líq...

MACHO E FÊMEA

  MACHO E FÊMEA Este texto, com este título, surgiu do que vi , do que presenciei, hoje, quando fui levar alguns quitutes (tomates picados, talos de couve picados) para as 23 galinhas e 1 galo que já estão acostumados com esses quitutes bem picadinhos para que todas possam comer, dependendo da agilidade e esperteza de cada uma. Procuro distribuir atirando os quitutes em lugares afastados para que todos consigam alcançar, as galinhas mais velhas - são mais espertas e mais ágeis e as novinhas são obedientes e sabem da hierarquia -, inclusive para o galo, um lindo e elegante galo de 5 meses, enorme, penas brancas, com algumas nuances pretas e amarelas. Mesmo atirando os quitutes perto dele, esse galo, assim como os outros que já fizeram presença no pátio, não tem iniciativa, não tem peito – embora o peito seja imenso, pomposo dando-lhe um ar de poder, só que não – não tem coragem de aproveitar os quitutes, mesmo aos seus pés, pois lá vem elas, alvoraçadas, cocoricando e estabanadame...

A BELA SOLITÁRIA DE VERMELHO ESCARLATE

  A BELA   SOLITÁRIA DE VERMELHO ESCARLATE Saí de casa para comprar açúcar demerara, que há dias estou precisando repor, pois hoje, só tem uma dose. Mesmo com o tempo não muito firme saí. Aproveitei que tinha um vento forte, daquele que vem para levar a chuva pra longe e nem guarda-chuva peguei como precaução, confiando na intuição. Dobrei a esquina e fui descendo a rua. Antes de chegar na outra esquina, já me chamou atenção aquele vermelho escarlate que se destacava do verde das árvores, e das demais coisas que estavam à sua volta, chamando-me atenção pois era um tom muito lindo. Aos poucos fui chegando mais perto e vislumbrando aquela beleza solitária. Mesmo sozinha abandonada, não se mostrava triste, muito pelo contrário, demonstrava altivez e rebolava-se toda, se ostentando com as lufadas de vento que a fazia ondular e voltar à sua pose austera e abusada de tão bela. Antes de atravessar a rua, olho para os dois lados, mesmo sendo domingo, todo cuidado é pouco, visto qu...

UM CAVALO, UMA CARROÇA, UM HOMEM E UMA CRIANÇA

UM CAVALO, UMA CARROÇA, UM HOMEM E UMA CRIANÇA Acabei de presenciar, da janela do meu quarto, uma cena linda, singela e incrivelmente maravilhosa, em se tratando dos dias de hoje, onde não mais dão valor às coisas da natureza, optando pela praticidade, conforto, rapidez e até mesmo status de um carro. Cheguei na janela do quarto para ver o motivo do alvoroço dos cachorros, que não precisa muito para ficarem enlouquecidos e latindo alucinadamente, e eis o motivo: vinha adiante, mais na esquina – minha casa localiza-se bem no meio da quadra – uma carroça. O som do galopar do cavalo ecoava forte e firme sobre os paralelepípedos já desgastados e irregulares da rua calçada há mais de 50 anos. Fiquei esperando a chegada até meus olhos daquela carroça, nem sei porque, mas fiquei, e pude presenciar uma belíssima cena de um homem com uma criança sentados no banco da carroça – não observei se havia algum tapete, tecido que seja sobre o banco para acomodar aquela criança, mas pude perceber e ...