PALAVRAS

 PALAVRAS

Desde ontem (22/9/25) no trajeto em busca diária do jornal, surgiu à minha mente a palavra PALAVRAS e várias ideias foram bombardeando meus pensamentos, invadindo sem pedir permissão, com frases de diversos assuntos e sempre voltava PALAVRAS como sendo o centro de tudo. 

Quando cheguei em casa, lendo o jornal me deparei com muitas palavras, como sempre me deparo ao ler o jornal, ao ler o whattsapp, ao ler o facebook, ao ler o livro que estou diariamente lendo, mas o pensamento era para eu escrever sobre as palavras, sobre os seus sentidos, sobre as suas maneiras de serem faladas, pronunciadas ou ditas, como são lidas e entendidas, como são escutadas ou ouvidas. Diante tudo isso, como elas, as palavras são, principalmente, interpretadas. 

E hoje, ao conversar com amigos num grupo de whattsapp, me deparei com uma dificuldade que sempre tive, a vida toda, obtendo cobranças, avisos, alertas e muitas críticas por ter um jeito de pensar diferente, uma maneira de ficar matutando nas tais palavras que li, que ouvi, enfim, que chegam até mim e não as esqueço. Elas ficam no meu pensamento, transformando-se em algo fixo. Muitas vezes nem são coisas, assuntos, tão pertinentes, mas elas pairam nos meus pensamentos e vão tomando forma, vão se aglutinando e ali ficam. 

Acontecia muito de eu tocar num assunto de momentos atrás, de estar falando com as pessoas – foi o que aconteceu hoje nesse grupo – e eu me referir a algum assunto que já havia sido trocado para outro assunto, mas eu, com esse pensamento no que está agora sem deixar de ficar a pensar dos anteriores, me refiro, sem identificar – esse é o meu maior erro – que estou me referindo ao que falávamos anteriormente. Isso causava muito rebuliço, e ainda causa, nas mentes das pessoas que me acompanharam e acompanham. Meus alunos ficavam enlouquecidos, quando estava dando aula, como exemplo, de contabilidade e, do nada, parava para falar sobre comida ou elogiar alguma roupa de algum aluno ou aluna, ou qualquer assunto, e, assim como havia começado o desvio, voltava ao conteúdo e seguia em frente, como se nada tivesse interrompido. Algumas vezes reclamavam, mas depois se acostumavam e até gostavam dessas interrupções. Mostrava para eles que o foco deve ser mantido, mesmo com qualquer ruído. Acontece muito nas empresas.

Enquanto as pessoas estão falando comigo, acho um desperdício de tempo ficar sem fazer nada apenas ouvindo – aliás, sempre penso que aquelas pessoas que ficam quietas ouvindo passivamente, mexendo com a cabeça para demonstrar interesse, na verdade real, estão bem longe, já provei isso, perguntando para as pessoas qual foi a ultima palavra que eu havia dito ou sobre o que estava falando, e para surpresa da pessoa, nem ela se dava conta de que estava perdida. Então acostumei a conversar prestando atenção real no que me diziam e dizem, mas lendo ou realizando qualquer  outra coisa, sem interferir na compreensão e entendimento do que estão a me falar. Precisa de técnica para isso? Não sei, mas eu consigo realizar várias atividades momentaneamente sem prejuízo de compreensão.

Até meu jeito de escrever é assim. Não sou linear no que escrevo, não consigo seguir uma linha de raciocínio, de pensamento. Vou para um lado e já troco para outro e haja disposição para as pessoas entenderem o que eu quero expressar. Muitas acabam se perdendo, e até mesmo, perdendo a vontade de ler. Eu tento, mas não consigo. Assim como estou agora. Não comecei a escrever para focar apenas nisso. Queria falar sobre as palavras, mas me estico, me estendo, me desvio, não do foco, pois afinal, tudo são palavras. O problema é que as pessoas estão acostumadas a lerem tudo com começo meio e fim, e eu não escrevo assim. Eu considero minha maneira de escrever dinâmica e nada estática, mas isso pode causar desinteresse nas pessoas de lerem o que escrevo, porque as pessoas estão, cada vez mais na onda de ler o básico e o de fácil compreensão, sem pensar muito e sem gravar o que foi dito ou lido. Eu estimulava meus alunos a pensarem. Não os obrigava, tanto que não valia nota, tinham que fazer porque era para o desenvolvimento e crescimento deles como profissionais – sempre formei profissionais para o mercado de trabalho.

Estamos vivendo num mundo de imediatismos e rapidez, sem delongas, sem firulas, sem graça. O menos é mais – não pra tudo, mas no momento é pra tudo. Recebo criticas de pessoas mais próximas que, inclusive, eu peço que me digam sinceramente o que acham o que pensam do que escrevi ou do que escrevo. Críticas são ótimos balizadores para teu crescimento e desenvolvimento para tudo o que queremos ser e fazer. Quem não aceita críticas é porque a arrogância não permite ou pela insegurança de saber que não é perfeito, que tem defeitos, tem problemas e não os aceita e assim, não querem ouvir ou ler o que falam de si. Eu aceito e faço questão que me critiquem. Analiso, avalio e pondero tudo. Então vejo se são fundáveis. Se forem, mudo o que tenho a mudar e se não for, dou feedback para as pessoas sobre o que me disseram.

Assim são as palavras. Elas invadem nossa vida o tempo todo, pois estamos sempre lendo algo, falando com alguém, mesmo que seja em forma de música, de filme, de livro ou de estar com alguém. Mesmo os olhos falam, expressam o que querem dizer. Podemos não pronunciar as palavras, mas elas estão inseridas no nosso modo de nos comunicarmos.

As palavras são compreendidas conforme a maneira de como foram proferidas e por quem as proferiu. Temos que levar em consideração o assunto, a referência, bem como o estado de espírito e a intenção dessas pessoas. Assim como também temos que analisar e avaliar quem está ouvindo tais palavras proferidas. Em que lugar e situação esteja  essa pessoa que as ouviu. 

As palavras doem, machucam, causam discórdia e tantos efeitos negativos, principalmente quando são verdadeiras. As pessoas preferem não ouvir a verdade e quando encontra alguém que as diz, fica contrariado com aquela pessoa. Infelizmente o ser humano é assim. Por isso as pessoas preferem ser falsas e bajuladoras. Eu detesto falsidade e bajulações. Não esperem isso de mim.

Eu prefiro as palavras escritas, pois podemos lê-las várias vezes até podermos assimilarmos melhor o que elas representam, o que elas querem nos dizer. As palavras podem ser interpretadas de várias formas, novamente, conforme o estado de espírito de quem as proferiu e de quem ouviu. Tem pessoas que levam a intepretação de tudo para o lado ruim, outras – assim como eu – levo para o lado da melhor compreensão, procurando colocar-me no lugar da pessoa que está falando, procurando um argumento para o motivo da pessoa ter se expressado de tal maneira.

Algumas pessoas gostam de utilizar palavras rebuscadas, sofisticadas, difíceis, com a intenção de causar admiração, outras porque assim preferem falar, por terem um vocabulário mais rico. Eu prefiro tanto ao falar quanto ao escrever utilizar palavras simples e de fácil entendimento, sem precisar, quem estiver lendo ou escutando, recorrer a dicionários. O que me referi acima, lá no começo, é que a estrutura dos meus textos, das minhas frases, parágrafos e tudo o mais, que escrevo não são lineares, o que dificulta a compreensão do que quero expressar. Talvez seja por isso que tenho, ultimamente, escrito mais poesias.

Minha mãe era analfabeta, mas as pessoas conversavam com ela e não acreditavam pois ela falava corretamente as palavras e ela dizia ‘as palavras que eu não sei dizer, eu não digo, falo outras’ e estava sempre a me questionar como pronunciar tais palavras, o que elas queriam dizer. Humildade é o que as pessoas precisam ter para admitirem suas dificuldades e deficiências. Todos nós temos e devemos buscar maneiras de, se não der para eliminar, pelo menos amenizar tais problemas. 

Escrevi uma poesia há muitos anos, que inclusive circulou nos ônibus de Porto Alegre – eu não vi, mas um aluno chegou na aula e disse ter lido a minha poesia na janela do ônibus – numa iniciativa da prefeitura de levar mais poesia para as pessoas e eu enviei uma cujo título era QUANDO AS PALAVRAS... uma parte dela dizia assim:

‘Quando as palavras,  se tornam necessárias  entre as pessoas, é porque nada mais há entre elas, pois basta um olhar...’.

Concordam? Eu concordo. 

JOSÉ FERNANDO MENDES – 23/9/2025

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