APRENDER

 APRENDER

Não lembro mais qual foi o gatilho para que eu viesse a escrever sobre essa palavra APRENDER. Lembro que estava vindo do mercado e avistei ou ouvi alguma coisa que me remeteu a essa palavra, e, assim como sempre acontece, comecei a divagar sobre o significado e como funciona essa palavra.

O que é aprender? A partir dessa pergunta comecei a pensar que o aprendizado já começa no instante momento em que somos arremessados para fora de nossa mãe – no parto normal, ou tirados na cesariana -, e a primeira coisa que devemos fazer para nos mantermos vivos e seguirmos nossa vida seja ela como será conforme a vontade de Deus que nos enviou para algo fazermos, algo sermos e também termos, é soltar o berro, ou seja, chorar – porque não, sorrir? – para nossos pulmões se abrirem e começarem sua função de receber o oxigênio por nossa conta e risco – chega de receber respiração da mamãe, e ficar deitado em berço esplêndido ao som do mar, opa, não era um mar, embora tivesse muito líquido envolvendo todo nosso corpo – porque depois esquecemos que fomos gerados, nos desenvolvemos e crescemos com o corpo todo formado e nos mantemos passivamente sendo alimentados através do cordão umbilical, só recebendo, nos nutrindo e nos fortalecendo para sermos capazes de enfrentarmos o mundo, mas sem nada fazermos, simplesmente recebemos tudo sem precisar reivindicarmos por nada. Tudo o necessário para nos mantermos vivos e nos preparando para a vida lá fora, chega facilmente para dentro de nós – até nadando estamos, sabemos nadar, sabemos respirar mesmo submersos no líquido amniótico e depois esquecemos disso. Ou não esquecemos, simplesmente fica aprisionado no nosso inconsciente para mais tarde termos que enfrentar uma grande dificuldade, um grande desafio, que é aprender a nadar?

No momento que nascemos e cortam o cordão umbilical, nos separando da nossa protetora, da nossa patrocinadora da vida, temos que começar a nos virar sozinhos – não tão sozinhos, pois teremos por um bom tempo, alguns anos sob os cuidados de alguém, quase sempre nossa mãe, mas muitas pessoas ficam à volta para nos proteger, para nos orientar, para nos cuidar, para nos ensinar as coisas da vida e nós aprendendo a viver – por isso nos dão uma batidinha, de leve, na bunda, que já foi feita exatamente para isso, e assim termos a nossa primeira lição para o resto da vida, aprendermos a respirar. Respirar é o primeiro aprendizado, onde nos mostra que precisamos movimentar os pulmões para que o oxigênio – isso aprendemos na escola, mas quem aprende isso na escola e se interessa por isso? são raros – possa fluir entre os pulmões e fazer o sangue – nosso líquido vermelho (balela de sangue azul dos reis e rainhas e toda corte, somos todos com a mesma cor de sangue, até os animais ditos irracionais mas que agem muito mais com racionalidade do que muitos tais ditos humanos) – invadir todos os vasos que foram se desenvolvendo dentro de nós e se ramificando para cada espaço, para cada ponto que precisam de irrigação com suas funções específicas e determinadas por nosso Criador. 

Enquanto o choro não vem, não param de bater na bunda, porque é de suma importância que o bebê chore para que isso aconteça, para que seu corpo comece a ter o tal sopro de vida e comece a sua ferrenha luta da vida.

Então, respirar é o primeiro aprendizado, e não precisou lição, não precisou de professor nem mesmo de orientação nem teste para ver se foi aprovado ou não. Claro que os médicos, hoje, antigamente, parteiras, mais antigamente ainda qualquer pessoa que tivesse coragem fazia isso, pois desde que o mundo é mundo e pessoas são seres humanos que nascem e já precisam saber o que fazer quando nascem, são aprendizados natos, chamados de instinto.

Meu pensamento fluiu para o aprender como sendo instinto. Nós conseguimos aprender, com mais facilidade e de mais prontidão aquilo que nosso instinto manda e permite que possamos necessitar para vivermos bem e melhor. Por isso temos facilidades e dificuldades em determinadas áreas, por ser nosso instinto voltado mais especificiamente para tal área, não que seja de minha escolha, mas porque assim já me foi determinada no momento em que fui gerado.

Assim, depois de respirar – que alguns precipitados e apressadinhos, no momento que saem de dentro da mãe, seja lá como foi tirado, já abre o berreiro, nem é choro, é berro mesmo par amostrar para todos que chegaram sob forma de protesto querendo toda atenção, enquanto alguns até em respiração artificial devem ser colocados porque não conseguem ter a força dos pulmões ainda não muito bem formados para colocar em prática o primeiro aprendizado. Mas nada disso representa alguma dificuldade nos aprendizados seguintes que todos nós somos submetidos durante toda nossa jornada.

Durante nossa jornada enfrentamos muitos desafios, muitas barreiras, diversas dificuldades, algumas não muito intensas outras extremamente complicadas quase impossíveis. Mas, se tivermos vontade de aprender, de fazermos o que fizemos no momento que nascemos, através do instinto de respirar, nada será difícil, basta respirarmos fundo e seguir em frente. Tudo conseguimos encarar. Todo aprendizado é bem vindo e tirado de letra. Basta respirar.

Se estamos nervosos e tensos, precisamos respirar pausadamente e conseguimos aliviar a tensão; se estamos tristes, é só respirar fundo, fechar os olhos e pensar somente no ar entrando e saindo de dentro de nós, conseguimos tirar pra fora de nós aquela tristeza. Observem e haverão de concordar comigo: Tudo em nossa vida depende da nossa respiração. 

Meus pensamentos foram fluindo até chegar em casa – isso foi pela manhã – mas só agora consegui sentar em frente ao computador para poder escrever. Muito mais coisas pensei naquele momento, mas o que escrevi é uma boa parte do que pensei.

Vamos aprender a respirar como respiramos pela primeira vez?

 

JOSÉ FERNANDO MENDES – 28/7/2025 – 17h22

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