INCÔMODO II

 Estou voltando a escrever sobre INCÔMODO porque uma amiga, que lê todos os textos e sempre comenta, é a que mais comenta e se importa, se comove e sente-os como eu gostaria que fosse, pois esse é esse o meu objetivo, o meu propósito quando escrevo sobre algum assunto: que toque na vida das pessoas, e as faça pensarem, refletirem e faça alguma diferença, ela me disse que eu deveria escrever novamente dando um enfoque diferente do anterior, visto que foi a pedido do meu amigo, e agora, a pedido dela, será sobre o prisma que ela me mostrou, que ela me abriu o pensamento sobre o incômodo na vida das mulheres.

No texto anterior não citei os incômodos como sendo masculinos ou femininos, citei os incômodos do meu amigo e os meus, mas depois passei a relatar sobre todo e qualquer tipo de incômodo - como faço sempre, levando a pessoa que está lendo a pensar sobre quais incômodos estão a cometendo - não especificando qual gênero e nem quais seriam. Cabe a cada um lembrar dos seus e fazer o que eu escrevi sobre como devemos nos portar diante deles, os tais incômodos.

Pois bem, ela me fez dois comentários, em dois momentos, sendo que o primeiro ela comentou sobre o texto que escrevi e logo passou a citar sobre o maior incômodo o qual as mulheres são acometidas, sem exceção: a menstruação - o sangramento a que todas as mulheres, desde ainda meninas, normalmente por volta dos 11 anos, algumas mais cedo, outras mais tarde, mas todas, acabam com as tais REGRAS, como eram chamadas antigamente. Inclusive, era um mistério, era vergonhoso, era, pelo que eu entendia, depois de alguns anos que fui saber o que acontecia, era nojento e sujo, parecendo ser um castigo de Deus que as mulheres teriam que levar para o resto da vida pelo pecado que Eva cometeu ao comer da deliciosa maçã, não aguentando a tentação. Então Deus lhe rogou duas pragas (seria praga a palavra correta? Não creio, pois Deus não faria isso, mas...): que sangraria e teria dores no parto. Sendo que, se não houver sangramento, sabe-se que é por estar grávida, e após os 9 meses de desenvolvimento do feto, as dores virão para ter o bebê. Já falei em outro texto sobre essa dor do parto, que ela é terrível - conforme relato de todas as mulheres - mas, assim que o bebê rompe a barreira e salta para a vida, a dor vai embora e fica apenas o êxtase de acolher no colo aquela pessoinha que carregou em seu ventre por 9 meses.

Achei interessante a colocação da minha amiga, em relação a esse incômodo, que realmente é um tremendo incômodo, pois as mulheres devem estar sempre atentas ao seu período que a menstruação vai chegar, para não pegá-las desprevenidas e não acontecerem desastres internos que vão parar no externo. Quando tinha restaurante na Assis Brasil, em Porto Alegre, certa vez entrou uma moça de calças brancas, correndo e olhar espasmódico, pedindo para usar o banheiro que tinha acontecido um acidente, o que eu fiz um sinal em direção ao banheiro. Ficamos olhando o jeito dela andar e vimos uma imensa, mas imensa mesmo, mancha vermelha em toda a bunda. Calças brancas num período que ela deveria saber que poderia acontecer a qualquer momento, é pedir para acontecer mesmo. Ela ficou quase uma hora no banheiro. Deve ter tirado a calça, lavado para colocá-la novamente. Não tinha outra, pois quando ela saiu, realmente foi isso que aconteceu, estava vermelho mas não com tamanha intensidade como antes. Ela se desculpou toda envergonhada e constrangida o que fiz um aceno de mão e cabeça e ela saiu toda desajeitada. Acredito que depois dessa situação nunca mais ela usou calças brancas e nunca mais deixou de usar um absorvente próximo dos dias de acontecer o sangramento. Fui até o banheiro e havia sangue por todo o vaso, pelo chão e na pia, que a relaxada nem limpar fez - mereceu o que aconteceu. Pelo que eu saiba, as mulheres não são avisadas quando vai acontecer, mas elas sabem do período regular que vai chegar e já se prevenirem, usando roupas mais apropriadas, carregando na bolsa os absorventes, muda de roupa caso aconteça o imprevisto; a menos que sejam irregulares, como tantas mulheres são, as regras são nada regradas e vem em dias diferentes às vezes ficam uns tempos sem virem, já causando alguma suspeita, até que descem - termo utilizado, não sei se ainda dizem isso, não tenho tido mais informações sobre essas coisas.

Por tudo isso que relatei acima, e muito o mais que até poderia relatar, visto que participei a vida toda com esse assunto, principalmente na época de casado, que é realmente um tremendo incômodo, bem como minha amiga relatou; e as mulheres aguentam e vivem com isso, tirando de letra - até mesmo porque não tem como evitar, pois vai acontecer, faz parte da natureza delas - e levando a vida com aquele incômodo, passando por momentos da tal TPM o qual nem elas mesmas se aguentam de tão chatas, irritantes, peçonhentas que ficam. Os homens aguentam por amor, porque se não houver amor, é difícil aguentar tamanho período da Tensão Pré Menstrual no qual elas são capazes de matar uma pessoa sem nem sentirem-se culpadas, tamanha é a irritabilidade e a intolerância que elas ficam - eu sempre aguentei de boa, nunca reclamei, a não ser os dias com cartão vermelho, ficar na abstinência, mas tudo superável nada de mais horrível, o que era superado pela compreensão e entendimento do que ela estava passando. 

Minha amiga relatou que as mulheres além de lidarem com a TPM, a menstruação, e fora outras situações e problemas que se agregam e vão acumulando para explodirem num só período, tem que saberem lidar com os afazeres da casa, do trabalho fora - aguentar chefes, colegas, clientes, sem poder desabafar como se estivesse em casa (daí vem a galhardia dos homens: aguentar todos os aforos os quais as mulheres que o rodeiam lhes passam), serem responsáveis pela educação e cuidados dos filhos - por mais que os homens ajudem, no meu caso, ajudei muito, em tudo, mas certas coisas são natas, próprias delas, que por mais que os homens tentem fazer, jamais conseguirão se igualar. 

Concordei com ela, minha amiga, quando escreveu na mensagem que as mulheres passam por tudo aquilo que comentei no texto anterior, em se tratando dos incômodos dos homens, e mais os próprios das mulheres e que se os homens tivessem que passar por isso, jamais conseguiriam. Concordo também com isso. Homem tem força física (nem todos, eu por exemplo, não tenho, nunca tive e nunca terei, mas tenho a força espiritual, mental e intelectual, de raciocínio) e a mulher tem a força da superação, que abrange todo tipo de força que se possa imaginar, pois a tudo ela supera, a todos os incômodos da vida consegue dar uma solução , sempre plausível, aplicável e amigável, pois pensa com a razão e mais ainda com o coração. 

Por isso Deus deu às mulheres muito mais incômodos, muito mais desafiadores e mais difíceis de superar do que os dos homens, pois sabia que se desse para os homens, não conseguiram ir adiante, enquanto que elas, ah, elas vão em frente e conseguem tudo que elas querem, principalmente em se tratando com a relação com os homens, totalmente dominados e subjugados às vontades das mulheres. Se algum homem que ler isso e dizer que com ele não acontece, nunca aconteceu, estará mentindo para si mesmo, pois acontece e aconteceu, com toda e absoluta certeza, nem que seja quando criança, obedecendo a sua mãe. 

O que vou discordar dela quando diz assim NOS INCÔMODOS DA VIDA O HOMEM NÃO PODE ESTAR JUNTO COM A MULHER... POR HAVER GRANDE DIFERENÇA CULTURAL, ESTRUTURAL E EMOCIONAL, pois o homem e a mulher devem sempre se completar, seja como casal, como amigos, como parceiros, como companheiros, como irmãos. Seja como for, devem estar sempre juntos, um auxiliando e entendendo o outro e aceitando como um e outro é, mostrando sempre para um e outro como pode ou deveria ser. Em toda e qualquer situação. Ambos juntos, superando os incômodos da vida.

O que acharam? Concordam com as colocações da minha amiga? Se alguém tem algo a se manifestar, posso escrever o texto III sem problema algum. Espero ter suprido a carência que ficou no texto anterior.