AFINIDADE

 Não lembro qual foi o insight, gatilho, pensamento, inspiração que me ocorreu, para escrever sobre AFINIDADE. Pode ter sido de algum filme, pode ter sido de alguma recordação, memórias de um passado, de um presente, sei lá, realmente não lembro, mas tive que escrever na lista, em uma agenda que uso para meus repentes de inspiração, para escrever poesias que surgem do nada então devo correr para escrever, por isso peguei essa agenda, pois gosto de escrever poesias no papel, seja qual for o papel, mas sai, flui mais rápido, mas também, depois de algumas horas, nem sempre consigo decifrar o que escrevi, pois a letra, que já não é um primor escrevendo normal, imaginem acompanhando a rapidez do pensamento, da inspiração. Isso também é um tipo de afinidade: escrever poesias no papel. Escrevo poesias no computador também, mas o interessante, que no computador me possibilita escrever mais rápido, acompanhar mais a pressa do raciocínio, transcrever as palavras que brotam lá do fundo do meu inconsciente, mas não consigo sentir a mesma coisa que escrever no papel. Ao escrever no papel sinto a poesia, ou seja lá o que for escrever - mais poesia mesmo - fluir com mais sentimentalismo, mais emocionante. Ao escrever no papel, sinto uma forte descarga de adrenalina que é totalmente transmitida para aquele papel em forma de palavras, muitas vezes desconexas ao me perceber escrevendo o que me vem no pensamento, mas depois, ao ler novamente, identificar como palavras efusivas, completamente inter-relacionadas para surtirem algum efeito sobre algo ou alguém. Isso é afinidade.

A afinidade acontece entre pessoas com pessoas, entre pessoas com coisas, entre pessoas com lugares, entre pessoas com animais, entre pessoas consigo mesmo. Esse último exemplo foi bastante ousado, visto que deveria sempre haver afinidade entre as pessoas com elas mesmas, visto que cada ser é um ser e tem que se aceitar como é, pois afinidade é ESTAR A FIM A QUALQUER TEMPO, é também  RELACIONAMENTO A TODO TEMPO, considerando o sufixo AFIN com estar a fim ou relacionamento, enquanto que IDADE seria o tempo, em qualquer situação que se possa imaginar e utilizar. Sendo assim, temos que ter essa afinidade, essa compatibilidade, correlação e nos entendermos com a gente mesmo o tempo todo, mas sabe-se que não é sempre assim. Muitas vezes nos olhamos no espelho e pensamos tantas e diversas coisas que nem sempre são favoráveis a essa afinidade que deveria existir. Acontece a decepção de olhar pra mim mesmo e não conseguir me relacionar com quem me deparo ser ou estar. O conflito acontece quando algo não está bem lá dentro do teu intimo. Acontece a falta de afinidade consigo mesmo quando algum acontecimento corroborou para este sentimento aflorar e saltar dentro de mim, proporcionando esse desconforto na relação, de eu comigo mesmo.

A afinidade com outras pessoas acontece em todos os âmbitos os quais pertencemos e vivemos. Há afinidade em casa, com as coisas que tens dentro de tua casa, pois só compras os móveis e objetos conforme o teu gosto - nem sempre, às vezes conforme o dinheiro permite, mas, se comprou mesmo assim algo, é o que mais se aproxima do que gostaria que fosse - te deixando feliz e satisfeita. 

Afinidade familiar acontece no momento que tu te relaciona com alguém porque algo naquela pessoa te chamou atenção, nem sempre beleza, embora seja o maior quesito para as aproximações, para os relacionamentos amorosos, mas além da beleza existe a afinidade que vem lá do fundo do nosso ser, sem nem percebermos, porque é o inconsciente que trabalha para esse acontecimento. São cheiros, são ações, são olhares, são sorrisos, são diversas coisas que contribuem para que haja aproximação entre duas pessoas, muitas vezes absolutamente diferentes (dizem que os opostos se atraem) mas a atração aconteceu e como consequência o casamento e os filhos. 

A afinidade com os filhos é por identidade, pois nos identificamos mais com um ou outro, embora haja o mesmo amor de pai e de mãe, mas sempre vai ter algum que vai se relacionar mais de acordo com aquilo que sempre almejou que fosse o relacionamento com um filho(a). Essa identificação é inconsciente também, pois não percebemos que isso acontece, simplesmente acontece. Tanto é verdade que, quando alguém nos diz, nos comenta sobre a tal afinidade, que é transformada em passar a mão por cima de toda e qualquer situação complicada que o tal ou a tal esteja passando, favorecemos  um em detrimento do outro, por qualquer motivo que seja, há o favorecimento - são vários favorecimentos, eu era favorecido por ter sido muito doente dos dois até os sete anos, e assim os cuidados eram especiais, e o vínculo que fui criando, principalmente com minha mãe, eram diferentes dos outros irmãos; a afinidade foi se fortalecendo com o passar dos anos, mas mesmo assim, não era absoluta quando cheguei na idade adulta. Minha mãe sempre foi justa, e eu segui essa herança, além da diabete. Não existe família com filhos, que não haja essa afinidade e que os filhos percebam, mesmo que não reverberando esse sentimento, ele existe e um dia vai falar, vai comentar, com certa tristeza, e muitos fazendo com que haja um distanciamento entre os irmãos, até que eles começam a constituir a sua família, com o pensamento de não cometer o mesmo erro, mas acabam incorrendo, cometendo e fazendo tudo igual, raramente conseguem ser não tendenciosos, mas igualitários nos tratamentos aos filhos. Então vem a compreensão do que os pais falavam e agiam.

Temos afinidades com colegas de trabalho, quase sempre que exercem atividades correlatas ou são mais próximas, sentam perto e assim a conversa começa e se expandir além do trabalho, porque, todo ser humano que é gente mesmo, de uma forma ou de outra acaba levando o trabalho pra casa e a casa para o trabalho, quem não faz isso, consegue delimitar as conversas, consegue separar uma coisa da outra, não classifico como humano, pois é natural essa relação, essa entrega, é própria dos humanos se relacionarem, criando, não necessariamente um vínculo, mas uma relação para poder esporadicamente se confortar com algo que esteja acontecendo, mas apenas com os mais chegados, ou seja, que tenha adquirido mais confiança, por afinidade.

Mantemos afinidade na escola, não digo aquela afinidade interesseira, na qual se aproxima apenas porque a outra pessoa é mais inteligente, é mais bonita, é mais isso ou aquilo, ou também por ser menos isso ou aquilo, tal como pensamos ser. Neste caso os opostos não se atraem, e sim os iguais se atraem e criam vinculo por incapacidade (achar-se menos inteligente, não conseguir realizar atividades e outras coisas), por feiura (sentir-se feio, embora nem sempre seja essa realidade, mas é a baixa auto estima faz pensar assim). Ridículo isso, mas acontece muito, principalmente na idade jovem, quando se está deixando de ser criança e ainda não é adulto. São os hormônios da juventude agindo. Essa danada que ataca a todos, não distinguindo raça, religião, cor, pobre ou rico, ela vem para todos, porque é o corpo em transformação, a voz mudando - principalmente e mais evidente nos rapazes, nos guris, fase terrível - os pelos chegando, mais aparentes nos rapazes - eu tinha bigode, ralo, mas tinha, já com 9 anos, tinha vergonha porque nas fotos parecia uma sujeira - e a vergonha tomando conta; as meninas o que mais as faz ficarem envergonhadas é o crescimento, desenvolvimento dos seios. Muitas cobrem, disfarçam com blusas largas, até chegar o momento de se embevecerem e se mostrarem para todos e todas - principalmente todos, claro - como são fartos e charmosos, para não dizer sexys, porque nessa idade elas ainda não podem pensar sobre isso(?). Ainda tem as acnes, que são o maior terror dos jovens - eu não tive espinhas no rosto, somente no pescoço. Toda essa transformação acontecendo e a cada fase, porque são fases, são períodos que ocorrem são novas afinidades espontâneas e vinculadas que acontecem.

Assim funciona a AFINIDADE. Em todos os recônditos de nossa existência, convivência e para o nosso bem estar, teremos alguém para escolhermos sermos nossos parceiros, companheiros, confidentes, amigos e, porque não, irmãos, para suprir aquela falta de desde sempre.

Tu, querido amigo, querida amiga, tens afinidade com alguém? Afinidade, não estou perguntando amizade. Te analisa e te responda por quê? Gostaria de saber.



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