TERAPIA

 Ontem à noite, 19/02/24, conversando pelo whattsapp no grupo da família com meus filhos, nora e neta, que começou a partir da postagem de uns pãezinhos recheados assados que fiz, às 18h33, e no final da conversa às 22h28, quase 4 horas após, começando o assunto com o que comemos - claro eu só como besteiras, segundo eles - logo seguindo para o estado físico do corpo e o que o exercício faz com ele - até mostrei meu braço SUPER MUSCULOSO - o que causou o começo da terapia. Até aqui a conversa era apenas entre eu, meu filho mais velho e minha filha, mas logo minha nora entrou no assunto, minha neta e meu filho mais novo. Só faltou a neta mais nova. Mas a terapia familiar então começou. O apelo deles me mostrando a necessidade e a importância de eu fazer exercícios numa academia, não adiantando caminhar, para reforçar meu tônus muscular, para ganhar massa magra que perdi há muito tempo, pois os remédios da diabetes consomem. A pressão foi grande e me rendi, prometendo a eles que logo depois do lançamento do meu livro ( dia 09/03/24), vou providenciar encontrar uma academia e fazer os tais exercícios. Vou ter que analisar bem, pois tenho problemas nos dois braços: o direito nunca o usei, pois além de ter nascido torto, canhoto, quebrei o direito e fiquei sem força nele e meus movimentos foram diminuindo, embora o use, claro, sempre o usei, mas nunca imprimindo força pois não tenho tres ligamentos que vão das mãos até o cotovelo; e o esquerdo, com excesso de uso, e também abuso pois extrapolava em tudo que fazia, inclusive nos 24 anos dando aula, escrevendo no quadro com o braço suspenso e uma carga horária excessiva, aos poucos fui percebendo a dificuldade de mantê-lo erguido e a dor insuportável, uma queimação, chegando ao ponto de ter que segurá-lo para continuar escrevendo. Há 5 anos descobri, pela ressonância e ecografia, que o meu ombro está todo serrilhado, não permitindo e não devendo fazer excessos com ele, principalmente no sentido de erguê-lo. Daí vem essa minha negatividade de ir à academia. Não posso chegar lá e simplesmente me jogando nos aparelhos e detonando mais ainda meus braços. Vou ter que avaliar, mas estou aberto a isso, já entendi que realmente é importante. Minha filha diz que sou teimoso, depois que boto algo na cabeça ninguém me faz mudar. Será? Outras pessoas já me disseram isso também, então analisei e resolvi aceitar a opinião deles, afinal, eles me amam, e sabem e querem o que é melhor pra mim e me verem mais saudável. 

A conversa foi mudando de rumo, tantos assuntos chegaram. Num dos comentários que fiz meu filho disse que eu era um determinado tipo de temperamento - vou escrever sobre esses tipos de Temperamentos, provavelmente o próximo texto - e assim nos alongando fazendo conjecturas, um falando do outro, se identificando e argumentando sobre o assunto, o que eu disse que nunca me enquadrei em nenhum, pois tenho as características de todos, tirando uma de cada, mas não enquadro especificamente em nenhum, o que gerou mais conversas e resenhas - conforme eles falam hoje - e mais conversas, e mais lembranças do passado, mais coisas de pais e filhos, e mais a nora falando coerentemente e sábia como sempre, demonstrando o que já sei: ela me conhece muito bem e tudo que ela diz é certo sobre a minha pessoa. A prosa rolou por muito tempo sobre as coisas as quais passamos, vivemos, e eu argumentando e aceitando tudo que diziam. Não me defendendo, mas argumentando, tentando mostrar para eles os motivos que me levaram a ser o que fui, a fazer o que fiz. Me dediquei demais ao trabalho, e deixei muito a família sentir minha falta, mas sempre que podia estava presente procurando participar e saber de tudo - mas realmente nem sempre foi possível. Não adianta, os pais por mais que façam pelos seus filhos sempre terão resenhas, sempre terão reclamações, mas tudo passível de entendimento, porque nada que pudesse ficar pior. O tempo já passou, e com o amadurecimento e a vivência de serem pais vai fazendo a gente perceber e a perdoar. Aconteceu isso comigo, e acontece com todas as pessoas.

Muito assunto apareceu, muitos esclarecimentos, muita resenha. Isso é bom demais. A partir do momento que falamos o que estamos sentindo, o que queremos que saibam o que estamos sentindo, isso alivia nossa alma, nosso espirito se aquieta, nosso corpo agradece, nossa mente volta a pensar concatenadamente. Por isso fui dando corda para o assunto e muitas coisas foram esclarecidas, muitas coisas foram, acredito eu, resolvidas. Tudo numa conversa via celular. Muitas vezes é mais fácil falar sem estar com a pessoa junto, pois se cria mais coragem e não se sente pena da cara que a pessoa vai fazer, o que a pessoa vai expressar ao ouvir o que estão lhe dizendo. Sempre gostei de ouvir as pessoas e ajudar a resolver seus problemas interiores, porque não posso fazer isso com meus filhos, que são as pessoas que detenho um amor diferente e maior de todos! Nunca se deve perder a oportunidade, as coisas acontecem quando devem acontecer, e se os assuntos surgiram é porque era o momento de se resolver, e assim foi. 

Foram praticamente 4 horas de conversa e muita conversa, todos falando. Na verdade, eram 5 falando comigo, dizendo-me coisas e mais coisas que eu gostei de ouvir, pois merecia ouvir, coisas que até já havia escutado algumas vezes eles falarem, mas da maneira como foi ontem, mais aberto e mais explícito, nunca tinha acontecido. Até que no final eu disse que tinha sido a nossa TERAPIA, sem pagar nada, sem ter que se expor pra ninguém que são muitas vezes apenas profissionais que estão ali para cumprirem com o que assumiram. Nossa terapia foi verdadeira, foi real. Todos nós falamos. Eu escutei (lendo) tudo o que me disseram e acredito que eles se aliviaram. E, se isso aconteceu é o que importa. Pra mim o que mais me importa é ver meus filhos bem e felizes. O que eu posso fazer por eles eu faço. Foi o que eu sempre fiz, pensava eu, mas não foi o suficiente, não fui compreendido, mas isso faz parte da vida, do processo do que é viver, do que é estarmos aqui com uma missão que eu cumpri, mas deixei outra a desejar, que era cuidar mais da minha família. Mesmo assim, eles dizem que me admiram e reconhecem pelo trabalho que fiz. Mas pra tudo tem seu jeito e seu tempo. Como sempre digo NADA COM UM DIA APÓS O OUTRO. 

Quando será a próxima sessão? Um dia acontece, assim como aconteceu ontem. Graças a Deus.

E vocês, já fizeram essa terapia? Já tiveram resenha com seus filhos, pais, irmãos e toda família? Se não fizeram, façam, deixa fluir e a coisa vai melhorar. Abram seus corações e deixem fluir tudo que está engasgado, entalado dentro de cada um de vocês. Garanto que vai fazer bem a vocês. A verdade dói, machuca, mas precisa ser dita e ser ouvida.


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