TECNOLOGIA
TECNOLOGIA
A tecnologia é parte
integrante de nossas vidas. Não adianta querermos dizer que não, não adianta
querermos negar, não adianta querermos repudiar, e muito menos ignorar, porque
a verdade é essa: ela está impregnada em nós, incrustada em nossa pele, fazendo
sinapses constantes em nosso cérebro, que já não quer pensar, já não tem mais
iniciativa própria, nada de autonomia, somente comandado pelo controle remoto.
Se não tiver controle remoto, se não tiver tecla, se não tiver imagem, se não
tiver... qualquer coisa que seja que lembre alguma tecnologia, não funciona,
entra em pane total, desespero e nada mais segue em frente. Tudo fora do ar.
Tudo fora do sistema. Então tudo para. Ficamos estagnados, mumificados e
ofuscados pela maravilha que nos fizeram ficar dependentes, pior do que droga
alucinógena, que fica por alguns instantes e causa dependência, mas podemos
deixá-la se quisermos, porque depende apenas da nossa boa vontade.
A tecnologia tomou
conta de nosso ser, nos transformando em seus robôs, em seres humanos
robotizados, que não funcionam sem uma máquina, sem um equipamento, sem esse
amuleto, sem esse combustível para dar forças e energia para seguir em frente
numa vida dependente, absolutamente dependente, sem mais autonomia, sem mais
liberdade de ir e vir, tomado por uma solidão absoluta, pois deve estar sempre
acompanhado por alguma coisa, tem que sentir sua mão tocando algo que lhe dê
segurança e saber que não está sozinho, sentindo-se amparado e aliviado pois a
vida não existe mais se não for olhando, se não for buscando alguma imagem,
algum som, alguma qualquer coisa que seja, mas precisa estar mexendo, fuçando,
explorando o tal celular que já faz parte do corpo, já tem a anatomia de suas
mãos modificadas para poderem tocar, poderem acariciar delicadamente,
cuidadosamente - muito mais do que acaricia uma criança, muito mais do que
acaricia um pai e mãe, muito mais que acaricia um amigo(a).
Estamos subjugados,
estamos tomados pelas máquinas. Elas nos orientam para onde ir, elas nos dizem
como ir, o que fazer, quando podemos. Se temos um compromisso, antes de irmos,
olhamos no celular para vermos como está o tempo, como está o trânsito, como
está o ambiente – pois tudo já está sendo exposto, já está sendo divulgado e
mostrado, antes mesmo de estarmos lá – e assim a vida vai nos facilitando viver
com essa tecnologia que nos livra de infortúnios, nos livra de apuros, mas nos
faz dependentes e incapazes de tomarmos nossas próprias decisões, pois temos
que pesquisar aqui ou ali (não vou citar nomes de aplicativos, de sistemas e
tudo o mais que existem para não deixá-los esnobes por serem lembrados até
quando estão sendo protestados e escurraçados) e nada fazemos se não for
pesquisado, e nada decidimos se não for pedida a permissão para essa tal
tecnologia em forma de incríveis máquinas e equipamentos que realmente nos
permitem usá-los para o nosso bem, mesmo que saibamos estarem nos fazendo um
certo mal, pois deixamos de ser pessoas autônomas, seres pensantes, para sermos
dependentes delas, que pensam por nós que decidem por nós, mas sem elas não
conseguimos mais viver.
Digo isso porque decidi
escrever sobre tecnologia devido a uma apreensão que me ocorreu hoje ao saber
que não poderia escrever no blog, alguma coisa, que sempre me vem, pois meu
computador deu um problema sério e precisou ser totalmente recomeçado,
reestruturado, e isso me causou uma certa insatisfação e digo até tristeza, pois
não poderia escrever nada. Mas ao mesmo tempo que pensei isso, já me veio o
pensamento de que poderia escrever num caderno, com lápis, lapiseira, caneta
escrita fina ou grossa. Ah, poderia escrever no celular, como os primeiros
textos foram escritos, mas agora já não é confortável, pois acostumei no
computador, assim como escrever numa folha, num caderno como era o método que
usava anos atrás quando me vinha inspiração e não tinha ainda a máquina de
escrever, utilizando a datilografia como o maior e melhor recurso da época,
facilitando o processo criativo e desenvolvendo mais as condições de pensar,
pensar e escrever o que pensava. Não era uma tecnologia avançada como a que
temos agora, mas já era um começo mecanicista criado para nos facilitar e no
fazermos, aos poucos, dependentes, nos envolvendo e nos tirando a liberdade de expressão
absoluta como tínhamos.
Finalmente me liberaram
o computador e eis que aqui estou escrevendo sobre a tal danada e maravilhosa
tecnologia que sem ela não vivemos mais e ficamos totalmente à sua mercê e
absolutamente apaixonados por tudo que ela pode nos proporcionar, mas sem jamais
esquecer a maravilhosa máquina de escrever – meu primeiro salário quando
comecei a trabalhar com 15 anos, foi numa máquina de escrever, e catando milho, no
início, claro, comecei a datilografar minhas poesias, meus textos, crônicas,
contos, artigos que escrevia. Era tudo feito na máquina de escrever Olivetti
Lettera 32, verde claro, que me acompanhou por muitos anos. Mas agora, é do meu
computador, que tenho há 12 anos e do meu celular, que está sendo o mais
durável, pois é de ótima qualidade, tem tantos recursos que eu nem sei a
metade, mas me aguenta há quase 4 anos, correspondendo a todas minhas
expectativas e suprindo minhas necessidades tecnológicas, que escrevo e passo
meu pensar sobre a vida sobre tudo que se passa na minha cabeça, como forma de
conscientização, conhecimento e muitas vezes protestos, mas sempre querendo que
as pessoas melhorem o seu jeito de viver, para serem mais felizes... com
tecnologia, claro, sem ela não tem como... ou tem? Digam-me, como?
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