DESILUSÃO

 DESILUSÃO

Novamente, ao sentar em frente ao computador para escrever, surge do nada a palavra, hoje foi DESILUSÃO, não sei qual o motivo e nem mesmo o que vou escrever, mas vou deixar o coração e as ideias fluírem, como sempre ocorre, e meus dedos digitarem no compasso do pensamento e das batidas do coração.

Desilusão é um sentimento que reflete sofrimento por algo que tenha acontecido, por uma decepção por algo que não tenha dado certo, por alguém que não correspondeu às expectativas que prometia retornar, mas não foi o que se esperava. Desilusão é um sentimento de revolta, indignação e insatisfação, consigo mesmo, porém, mais comumente em relação a alguma pessoa, mais do que em algo.

Desilusão tem o prefixo DES, que já usei e expliquei em outros textos, significando retirada, descarte, eliminação do que o restante da palavra nos diz, ou seja, ILUSÃO. A ilusão é um sentimento muito delicado, digo até, poético, pois representa o encantamento que se tem por alguém ou alguma coisa na qual dedicamos toda nossa vontade, todo nosso coração, toda nossa vida, toda nossa atenção para que nos dê momentos de expectativas, de alegrias, de sentimentos agradáveis e nos suprir com as necessidades que temos em relação àquele objeto ou àquela pessoa. Muitas vezes criamos expectativas além do que realmente teremos, e até muitas vezes sabemos disso, mas nos iludimos e nessa ilusão sentimo-nos preenchidos, tomado pelo êxtase do prazer do que poderemos fazer, do como poderemos usar, de tudo que nos satisfará: como comprar um carro, uma roupa, uma fruta. Nos iludimos pensando que tendo o carro poderemos nos locomover, poderemos ir aonde quisermos, poderemos... e poderemos..., mas, o carro está sempre estragado, causando uma desilusão pois não está atendendo às expectativas criadas; nos iludimos ao comprar uma roupa para ir a algum evento, festa, ou para trabalhar, mas ao vesti-la não fica bem, não veste como gostaríamos que vestisse, não dá o efeito que imaginamos, que nos iludimos pensando que daria ao vesti-la, causando a decepção, a tal desilusão e a tristeza que acabamos nem usando, nem aproveitando pois não era aquilo que queríamos; nos iludimos ao escolhermos uma fruta, pela aparência que ela tem, pelo cheiro – está cada vez mais difícil sentir o cheiro de uma fruta, pois são todas forçadamente amadurecidas e congeladas – então a escolhemos, e quando vamos nos deliciar com essa fruta, ao descascar (des=tirar a casca)começam aparecer imperfeições, problemas que vão nos fazendo perder a vontade imensa de comê-la, que chegamos a salivar de tamanha vontade de sentir o sabor da fruta, porém, como está mostrando ser, nos faz perder total essa vontade por não estar correspondendo àquela aparência toda que tinha quando a escolhemos, nos causando uma desilusão, pois nos iludimos pensando que íamos saborear uma deliciosa fruta.

Assim acontece com tudo em nossas vidas quando colocamos excesso de expectativas e vontade em algo, quase sempre vem a desilusão porque dificilmente as coisas acontecem como nós realmente planejamos, imaginamos e queremos. Portanto, devemos estar preparados o tempo todo para não perdermos esse tesão de fazermos as coisas por fazer, simplesmente deixar acontecer, se prevenindo da tal desilusão. Devemos persistir sempre, continuar sempre. A ilusão é dar uma luz àquilo que queremos, ou seja iluminar além do que é, para que nos dê mais prazer, mais satisfação. E devemos fazer sempre isso, lembrando que, caso algo aconteça, algum percalço se interpele, não podemos desistir jamais.

Até agora falei da desilusão que as coisas, os objetos podem nos causar, então vou dedicar minhas últimas palavras, últimos pensamentos a escrever sobre a desilusão que as PESSOAS nos causam. E essa desilusão é a pior de todas, e o ser humano é o campeão de causar desilusão a outro ser humano.

Durante nossa vida convivemos com diversos tipos de pessoas, de diferentes raças, de diferentes credos, de diferentes pensamentos, de diferentes classes sociais, enfim, diferentes do que somos, mas temos que viver em sociedade: em casa, na família, na escola, no trabalho, nos lugares onde frequentamos. Cada etapa que passamos, desde a infância lidamos com essas pessoas que, por instinto, atribuímos a elas uma gama de ilusão que vai atender às nossas expectativas, seja ela quem for, sejam quais forem as necessidades que possamos ter, mas fazemos isso. Faz parte do ser humano fazer isso. (Lendo o que estou escrevendo já devem estar passando por seus pensamentos tais pessoas e o que foi apostado nelas. Se não pensaram é porque não estão lendo como deveriam ler. Ao lermos qualquer coisa que for, devemos dar atenção (texto de ontem) de tal forma a nos colocarmos no lugar e imaginarmos deixar a imaginação fluir e nos levar, nos transportar para aquela cena, fazendo, montando o cenário do que estamos lendo e fazendo do texto, da frase, da poesia a nossa realidade. Só assim conseguiremos entender o que o autor quis dizer).

O pior é que a cada etapa de nossas vidas as desilusões acontecem. Por algum motivo sempre vai haver alguma pessoa com as quais convivemos, com as quais temos uma relação de carinho, de atenção, de amizade, de cumplicidade de amor e tantos outros sentimentos que se mesclam, que vai pisar na bola, vai nos causar a desilusão e como consequência o sofrimento. Muitas vezes sofrimento difícil de assimilar, difícil de sair dele, difícil de engolir, difícil de viver com ele, pois a desilusão causada por aquela pessoa foi extremamente inesperada e decepcionante.

Isso acontece muito em todas as etapas e em todos os ambientes os quais frequentamos. Na juventude são os pais que nos decepcionam porque temos a ilusão de que a vida é um mar de rosas e os pais nos podam, nos limitam e nos dizem que o mar rosa não existe e que o mar é salgado, portanto, nada de colocar pensamentos românticos onde não tem; na escola é aquela pessoa que estamos interessados – isso se aplica a meninos e meninas, homens e mulheres – e ela ou ele não estão nem aí para nós, mais uma desilusão que nos faz chorar litros e litros de lágrimas molhando o travesseiro de um choro de total e infindável tristeza, até perceber que era apenas uma bobagem e que a vida seguiu em frente, mas naquele momento era e foi aterrador. Depois vem a etapa do trabalho, que já começa nos cortando as asas e a ilusão de que eu serei isso e aquilo, vou trabalhar em tal lugar, e a realidade nos mostra que todo início é pelo começo e muito difícil, nos conduzindo a realizarmos trabalhos que jamais pensaríamos realizar. Exercemos atividade impensáveis e em todas elas, se não estivermos bem emocionalmente, irão acontecer as desilusões que te farão fraquejas e abandonar; Na velhice, para terminar a evolução do ser humano, quando pensamos que nada mais vai nos fazer desiludidos, sempre algo acontece ou alguém que nos decepciona, nos machucando, mas, já que estamos calejados, levamos em frente.

Quando começamos a amadurecer, logo já nos iludimos que seremos felizes com alguém assim e assado, e traçamos o perfil da pessoa que será nossa vida para o todo sempre – até que acabe -. Começa o ciclo, a etapa da busca dessa pessoa. Os olhos percorrem a todos e todas, o coração bate, salta parecendo sair do lugar e ir ao encontro daquela pessoa que estamos pensando ser a ideal. A desilusão vem novamente, porque nem sempre a que queremos, nos quer. Até que, sempre aparece um chinelo velho para um pé torto, e conseguimos. Namoramos, noivamos, casamos – era assim, agora já vão direto para os finalmente e atropelam a ordem das coisas -. E novamente as desilusões, pois pensamos que a pessoa é tudo aquilo que pensávamos ser, o convívio nos mostra que não é bem assim. Devemos ser complacentes, pacientes, respirar fundo, ignorar e seguir em frente. Chances e oportunidades vão sendo dadas, até que... desilusão novamente e tudo acaba. Partimos para outra. Coração estraçalhado, alma em frangalhos, corpo debilitado, mente perdida em pensamentos e mais pensamentos de sofrimento e total desilusão. Por esse e vários motivos que as pessoas estão cada vez mais frias, e evitando qualquer tipo de relacionamento mais profundo, para não se machucarem e não terem desilusão.

Até que cada etapa de nossas vidas, vão se cumprindo, muitas e muitas desilusões vamos enfrentando e temos que estar preparados para suportar e continuar a viver numa boa, porque, se formos nos importar com tudo, nada valeria a pena e viveríamos na total solidão e no total ostracismo. Mas, lembrem-se NADA COMO UM DIA APÓS O OUTRO, e o tempo é o melhor remédio.

Se iludir é bom e necessário, deixa a vida mais fácil, mais romântica, mais perfumada, mais mágica. Mas devemos cuidar e estarmos sempre alertas para não sofrermos com as desilusões. Eu já me iludi várias vezes, em cada etapa de minha vida, e tu?

 

(texto escrito em 18/11/2023 – 17h20)   

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