PENSAR
Uma das palavras que considero mais interessantes e, talvez, a mais misteriosa entre todas as palavras que existem é PENSAR e a derivação dela PENSAMENTO, e não entendo porque ainda não me veio à mente escrever sobre ela, apenas hoje, agora, entre tantas outras que pensei, me veio ela, dançando, bailando na minha frente, tomando conta dos meus pensamentos sobre tantas coisas que dificilmente se consegue dizer, quando alguém pergunta, o que se está pensando por exatamente ser uma profusão de coisas, elementos cores, imagens, sons, e tudo o mais que chega até nosso cérebro – essa caixinha desvendavel que ninguém consegue decifrar – e nos leva instantaneamente, por frações micromegas minúsculas de segundos a lugares, os mais recônditos, a imagens inimagináveis, a sentimentos jamais sentidos ou muitas vezes repetidamente sentidos, mas que, da mesma forma que chegam tais imagens, tais pensamentos, outros mais vão chegando tomando conta, invadindo nossa cabeça, se alojando no âmago de nossas ideias que muitas vezes até se confundem com tamanha profusão de coisas e tudo o que vem sem nem tê-las chamado, sem nem tê-las pensado.
Sempre fui muitíssimo intrigado com a capacidade que nós,
seres humanos, temos de pensar, usar o pensamento – quando querem, porque tem
pessoas que não fazem questão alguma de pensarem, acham muito sacrificante, mas
na verdade tem medo -, e até fico analisando os animais, que dizem não
pensarem, pois agem apenas pelo instinto em tudo que fazem. E quem pode dizer
que esse tal instinto não é oriundo de um pensar? Não se sabe e jamais saberão,
porque os animais não falam, tudo que se pode dizer, nada conclusivo, é pela
maneira como eles agem. Diferente de nós que agimos não pelo instinto – algumas
coisas e algumas vezes até pode ser – mas mais pela razão e em determinados
momentos pelo pensamento que emana do coração, que dizem não existir, visto que
tudo vem do cérebro. Ele sim é o nosso comandante, o nosso mestre do
pensamento, o responsável por termos essa tremenda capacidade que é pensar.
O pensar nos leva à capacidade de analisar, de perceber, de
sermos críticos. Se não houver um pensar com minuciosidade, com mais atenção e
dedicação para qualquer coisa que seja, não haverá um resultado apropriado e
adequado. Tudo que vamos fazer, realizar, executar deve ser muito bem pensado,
pois a falta do pensar pode ter consequências trágicas, desagradáveis e
inconvenientes, que não serão jamais esquecidas, deixando marcas e cicatrizes
permanentes em nossas vidas e teremos de carrega-las para todo o sempre. Então,
o certo é, quando nos vem algum pensamento, alguma ideia, devemos pensar de
forma analítica, fazer uma análise mais profunda, pensamento no agora e no
depois, antes que seja tarde demais. Mas, como já escrevi em outros textos,
tudo que se faz, por mais pensado ou nada pensado já está determinado e
preparado para que assim seja.
O pensar sempre esteve presente em minha vida, mas nunca consegui
praticar o tal do planejar para executar, que é uma das principais funções do
pensamento – pensar para agir melhor, ou seja planejar -. Muitas vezes,
principalmente na minha juventude, ficava até incomodado com meu excesso de
pensamentos sobre a vida, sobre os seres humanos, sobre tudo. Quanto mais lia,
mais pensamentos borbulhavam, explodiam na minha cabeça e ficava matutando e só
aliviavam quando pegava um papel para escrever de forma aleatória, sem pensar
planejado, mas sim pelo pensar impulsivo, de tudo que pairava em minha mente,
me atormentando, me incomodando. Quando parava exausto de escrever, coisas que
muitas vezes até nem entendia para ler devido aos garranchos que fazia na
tentativa de não perder o que se passava nos pensamentos, então me sentia
tranquilo, em paz e satisfeito comigo mesmo e saia para fazer qualquer coisa que
não precisasse me exaurir em pensamentos.
Até hoje tenho momentos, lampejos do nada pensar. Deixo o
vazio total tomar conta de minha mente e ficar completamente sem pensar, até
mesmo no maior burbúrio que tiver à minha volta, consigo me desligar e me
abster de qualquer pensamento. Mas são frações de segundos, às vezes até mais
demorados, mas sempre tem alguém para me chamar a atenção, para perguntar o porquê,
o que estou sentindo, se não estou bem – não sei se meu rosto, meu olhar se transformam,
mudam com essa total falta de pensar a ponto das pessoas perceberem. Isso acontecia
até em sala de aula, parecia que desligava. Ainda acontece isso, mas não com
tanta frequência – acho que até o pensamento envelhece – como era há alguns
anos. Numa consulta a um dos neurologistas que consultei após o AVC, comentei
sobre essa lacuna do não pensar e ele me disse que eu havia maltratado meu
cérebro pelo excesso de pensar, com excesso de trabalho e pouco descanso, pois
desde os 15 anos durmo apenas 4 horas e não sinto falta de mais, pelo
contrário, até me dava dor de cabeça quando dormia mais, o que raríssimas vezes
aconteceu. Disse ele que esses lapsos
seria a proteção automática para que não acontecesse coisa pior. Sei lá se é
verdade ou não, mas foi dito por ele e por outros. Então deve ser verdade. As
pessoas duvidam que isso acontece, quando digo que estava no vazio, sem pensar,
que não pode ser, não tem como, mas acontece comigo, não tem como evitar, do
nada acontece.
Sempre estimulei as pessoas a pensarem. Em sala de aula sempre fiz questionamentos para meus alunos, nunca fui detentor das verdades, sempre fiz meus alunos pensarem, raciocinarem e se manifestarem sobre o conteúdo, e até sobre outras coisas que abordava, fora do conteúdo. Muitos alunos se incomodavam porque eu estava falando sobre, exemplo, contabilidade, e do nada me vinha um pensamento sobre, exemplo, comida, moda, qualquer coisa, muitas vezes ao olhar para eles e me vinham pensamentos que divagava por alguns minutos e imediatamente voltava exatamente onde tinha parado. Então dizia que era técnica para eles acostumarem que nas empresas (eram cursos técnicos e de capacitação profissional) eles teriam que estar ligados em tudo que acontecia e não somente no que estavam fazendo. Porém, a verdade é que meus pensamentos não conseguiam serem calados, eu tinha que expressa-los e assim fui introduzindo como técnica para uma aula mais descontraída e mais atrativa.
Pensar faz bem ao intelecto. Pensar faz bem para vivermos
melhor, conosco e com as pessoas que nos rodeiam. Estimular o pensamento nos
enriquece como pessoa. O pensamento nos eleva a patamares que jamais imaginamos
chegar.
As pessoas tem me reclamado e até comentam que não leem meus textos por serem longos demais, mas, como nesse agora, acredito que será um dos
maiores, teria muito mais coisas a escrever, tenho gana por escrever, tenho
necessidade de me expressar, mas vou me conter e acabar por aqui. Espero que
tenham vontade de ler, que o título pensar tenha sido bem desenvolvido e
estimule as pessoas a pensarem mais. Então, vamos deixar essa preguiça mental e vamos pensar?
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