RENÚNCIA

 Essa palavra me soou forte ao escutar um áudio que uma amiga me enviou de uma pessoa falando sobre o que é renúncia. Ele coloca que ‘Deus não honra conquistas, Deus honra renúncias...’ e isso me deu um insight para escrever o que penso – inclusive já fiz algumas colocações sobre isso em outros textos –como sempre faço, do meu ponto de vista e o que se passa nos meus pensamento e no meu coração.

As pessoas estão cada dia mais preocupadas em suas vidas, desde o dia que começaram a pensar como pessoas que se dizem dignas de serem alguém, a buscarem ou como dizem correr atrás - termo que não uso e nunca deixei quem me rodeia dizer e corrijo quando posso pois significa estar sempre atrás, seja lá do que for, e todos à tua frente, então temos que dizer ir em busca – do que podemos ser, mas principalmente ter na vida. O ter – já escrevi sobre Ter – se sobressai de toda e qualquer outra palavra e sentimento, porque é isso que começavam a te incutir na cabeça, no pensamento, como finalidade de uma vida toda que tens pela frente: adquirir mais, ter mais, até ser mais mas para ter mais; e essa busca é incansável e muitas vezes injusta porque se sacrificam por algo que na verdade nem estaria, se fosse dono do seu próprio pensamento, dono da sua própria vontade, seguindo como objetivo para alcançar o que nem sempre sabe porque está sendo guiado por outras pessoas, para não magoar pais, não os frustrar, para recompensar alguém, normalmente pessoas da família, por exigirem e colocarem todos os seus recalques e expectativas de uma vida que não tiveram ou até conseguiram e acreditam piamente que o filho ou quem seja também deva seguir seus passos para alcançar o que eles conseguiram ou, por outro lado, alcançar o que eles não tiveram oportunidade de ter para ser o que são e o que tem hoje. Essas pessoas esquecem que cada ser é único – como já escrevi também – e não deve se espelhar em nenhuma outra pessoa, devendo sair em busca do que ele realmente quer ser e ter, sem pensar em satisfazer seja lá quem for. Para isso é preciso que haja a tal renúncia e terá que enfrentar a tudo e a todos que estarão te crucificando, estão te condenando por abandonar a busca por uma vida, a princípio, ideal, perfeita, com altos ganhos, com grande poder aquisitivo, sem dificuldades financeiras, com poder econômico transformador, que te dará possibilidade de realizar viagens para onde quiser, ter carrões do ano, ter uma bela e confortável casa, comprar, comprar, comprar e até mesmo escolher a mulher ou o marido que quiser, e até ter uma roda de amigos imensa, pois, afinal, o dinheiro, as posses, o cargo, o TER compra tudo, só não compra a felicidade, e assim a dificuldade de conseguir renunciar a tantas expectativas, a tantas perspectivas de uma vida maravilhosa, repleta de compromissos, oriundos de um ter e não por ser. A renúncia por algo grandioso que se apresenta é difícil acontecer, mais ainda quando já se tem, porque a renúncia requer rejeitar tudo o que tem, abdicar de uma vida glamourosa, de uma vida completamente voltada e vivida em função do ter, sem jamais pensar que um dia o ser é maior e mais importante do que ter. Esse jamais, um dia acontece e a pessoa decide renunciar, mas essa renúncia não é absoluta, não é completa porque ele só renuncia a não ter mais, mas o que já tem não deixa de ter, nem cogita largar, passar adiante, porque, afinal, ele se sacrificou, batalhou, ou não, para conseguir e não pode deixar de mãos beijadas para quem quer que seja.

A dificuldade da renúncia é imensa quando envolve deixar tudo, tudo que tem para um recomeço e uma nova vida voltada para o ser, porque, infelizmente, quando nos preocupamos demais em ter e ter e ter, esquecemo-nos de que devemos, antes de ter algo, sermos alguém, não para os outros verem, não para os outros elogiarem, não para os outros admirarem e endeusarem, não, para si mesmo. Devemos ser o que queremos ser e o que assim está determinado no momento que fomos gerados. A vida segue rumos já definidos, mas cabe a nós, não tomar as decisões, mas seguir o que o coração e a razão mandam, para não precisarmos depois nos arrepender de tudo que fizemos ou dissemos. Devemos seguir o que nosso coração e a nossa razão nos manda fazer e não o que outras pessoas querem que façamos por ser o melhor para nossas vidas. Essa maturidade de agir com propriedade, com convicção e determinação sobre a sua própria vida não é fácil, porque vamos nos acostumando e nos acomodando na zona de conforto de seguir os passos que nossa família nos determinou e assim vai sendo até se dar conta que não era nada daquilo, mas segue em frente porque pensa e não tem coragem de mudar, e segue em frente. Numa vida medíocre, sem graça, sem satisfação – por mais dinheiro que tenha não é suprida de nada nem com nada porque não é a pessoa que está ali e sim apenas seu espectro-, sem nada seu deixado para a prosperidade a não ser bens materiais.

Para que haja RENÚNCIA, qualquer tipo de renúncia que possas imaginar, é preciso se despir de qualquer roupagem que esteja escondendo quem é realmente a pessoa; é preciso tirar a maquiagem que envolve tua alma, teu espirito cobrindo a tua real razão de viver; é preciso raspar as camadas de disfarces que existem sobre a pessoa que foram sendo acrescentadas a cada etapa, a cada fase de sua vida para conseguir seguir adiante e que agora te impedem de ser feliz, te impedem de ser quem tu verdadeiramente quer ser e pode ser; é preciso que se abstenha de si mesmo, deixando quem tu és par ser uma nova pessoa, buscando construir um novo eu. Mas quem está disposto a isso? Essa busca é árdua, recaídas podem acontecer – e vão acontecer – e o que tu vais fazer para conseguir superar e seguir a busca por um novo eu? É mais fácil continuar? Você decide, ou melhor a decisão já está tomada basta aceita-la.

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