CONVERSAR
Ontem, no texto CRESCER, citei a vinda de dois dos meus filhos - filha com seu marido e filho - e que estava preparando lasanha para recebê-los. Então vou escrever e descrever como foi maravilhoso rever meus filhos depois de alguns meses, minha filha dois meses, mas o filho há mais tempo, e podermos dar aquele abraço saudoso e carinhoso e perceber a presença deles na minha casa como se fosse a casa deles, sentindo-os à vontade, aconchegados e famintos, o que me fez agilizar para servir logo o almoço, que só faltavam os retoques complementares e finais. Enquanto preparava, a conversa rolava solta, sobre tudo, trocando de direção a cada poucos minutos de tanto assunto que tínhamos para colocar em dia, e colocar em pauta, para que nada passasse sem ser falado, depois reatávamos algum dos assuntos que tinha ficado pela metade, e assim foi durante até mesmo o almoço onde se deliciaram e saciaram suas fomes de lasanha e da companhia do pai. Eu, então, totalmente envolvido de alegria e satisfação de estar com meus filhos e poder servi-los, poder dar a eles tudo o que eles me pediam, paparicando, abraçando e perguntando o tempo todo o que mais queriam - coisa chata isso né, mas é assim mesmo, para nós, pais, os filhos são sempre crianças que precisam de nós - e as conversas rolando sobre tudo, fluindo a cada olhar, a cada movimento de algo, sobre qualquer coisa que engatilhava uma lembrança e assim discorríamos dando risadas, descontraídos e numa vivência tranquila, e saciando a fome de uma comida feita por papai para seus filhos e saciando a fome dessa convivência que tanto nos faz falta, que tanto precisamos mas a vida nem sempre permite assim ao vivo e a cores, de olho no olho expressando tanto sentimento, na verdade explodindo, o toque com toque de uma mão no ombro, uma massagem de leve mas incrivelmente deliciosa há tanto não sentida, o som das vozes borbulhando nos ouvidos como uma deliciosa música que nos deleita, nos eleva ao maior e melhor patamar da felicidade. Minha filha tinha uns compromissos de trabalho, fui com eles, colhemos pinha no pátio da minha prima, colhemos bergamotas no terreno dos avós deles, fomos ver as obras que minha filha projetou, compramos pão e voltamos para casa, sempre conversando, sempre com muito assunto, com boas risadas, e o dia quente, lindo, ensolarado para permitir que tudo isso acontecesse. Voltamos para casa e fui preparar o café. Tudo na mesa e a conversa rolando acirrada, até que surgiram assuntos bem particulares, de relacionamentos, de postura de pai em relação a filhos, convivência até que surgiu a palavra limites - que vou escrever um outro dia - e a conversa se aprofundou e eu fiquei encurralado porque nunca fui de impor limites, porque eles nunca precisaram, assim como eu nunca precisei porque não fazia nada que precisasse de limites impostos, e nem limites por rotina, para ensinar a criança a fazer, pois eu aprendia tudo só observando e aplicava, assim como a meus filhos e fazia, pois percebia, por conhecê-los que não precisavam de imposição do tal limite que agora me cobram e com razão, mas sobre isso vou falar outro dia, mas a conversa se aprofundou muito em várias etapas das vidas deles, todos nós conversando sobre assuntos bem íntimos e esclarecendo arestas que ficaram sem serem aparadas por esse tempo todo, mas como sempre digo, nunca é tarde para recuperar o tempo perdido, ou se não recuperar, apenas reparar e se conscientizar, como fiz hoje, que realmente poderia ter feito diferente, mas é assim sempre, erramos pensando que estamos agindo da maneira correta. Por mais que queiramos acertar sempre, o erro vai acontecer, a cobrança vai vir porque somos seres humanos, passíveis de erros e o melhor de tudo, reconhecermos que erramos e podermos reparar esse erro. Assim a conversa fluiu, se acirrou, se aprofundou e fomos aparando todas as arestas, fomos percebendo que o alívio do coração e da mente, o peso havia ido embora, os sentimentos dúbios foram se apagando e a leveza tomou conta de nós e a noite chegou, sem nos percebermos, acendemos as luzes, pois já estávamos no escuro e nem isso havíamos percebido de tão interessante que estava a conversa. Finalizamos com minha filha me dando um tema de casa: pesquisar e ler sobre LIMITES, foi o que fiz e já tenho algo a dizer pra ela. Vou escrever aqui também sobre isso, mas hoje fico apenas focando na conversa maravilhosa que tivemos. da conversa de pai escutando os filhos, de filhos escutando o pai, sem ninguém se alterar. Uma conversa saudável, esclarecedora e libertadora. Uma conversa produtiva como meu filho salientou que foi. Conversar, isso é muito necessário e poucas pessoas conseguem fazer algo tão importante e fundamental para que consigamos ser pessoas melhores, sem amarras, sem nada nos impedindo de sermos o que queremos ser, sem nada nos barrando, pois basta uma boa conversa. Vamos conversar?
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