VER

 Já escrevi sobre uma trilogia muito importante em nossas vidas: SER, TER e ESTAR, hoje começo a escrever, com a mesma metodologia, o mesmo pensamento e mesmas características, sobre mais uma trilogia que não só são palavras importantes como fazem parte de nossos sentidos: VER, OUVIR e FALAR. Ver com os olhos; ouvir com os ouvidos e falar com a boca. Coisas óbvias, mas devo colocá-las dessa forma para usar essas informações sem precisar citá-las. Decidi começar pelo VER por considerar, após várias ponderações comparativas entre os três e dei mais créditos ao VER por pensar - eu, deixo bem claro, e aceito, como sempre, críticas, ideias, controvérsias, acordo e desacordos - que esse sentido, não ser um sentido mais necessário para um melhor viver, pois através dos olhos nos permitimos entender com mais clareza porque estamos realmente vendo o que estamos ouvindo das pessoas que nos estão falando qualquer coisa que seja, interessante ou não, inclusive, através dos olhos podemos perceber a reação das pessoas aos estarem nos ouvindo em que estamos falando; e também pelo temor que tenho de algum dia vir a perder a visão visto que sou diabético e há uma grande propensão para que isso venha acontecer. Através dos olhos podemos ver e perceber as cores, ver o mundo colorido, ver as diferenças das cores das coisas e termos sentimentos oriundos de tonalidade que somente os olhos conseguem identificar. Através dos olhos podemos ver e tocar nas pessoas, identificando cada uma como ser único, de várias formas, positiva ou negativamente. Através do olhar podemos expressar e ver sentimentos bons ou ruins. Através dos olhos podemos ver e percebemos a veracidade das pessoas tanto de perto quanto de longe, pessoas próximas ou distantes, mas todas as pessoas estão ao nosso alcance para dissecá-las e procurar entendê-las em suas ações e reações, em suas maneiras de caminharem, andarem ou desfilarem, sim tem pessoas, tanto homens e muito mais as mulheres, que não andam, desfilam, tal a postura e esmero que dão a esse ato, atraindo olhares, muito mais de homens do que de mulheres, para verem, admirarem e se encantarem com a performance daquele corpo em movimentos sincronizados, perfeitos e harmônicos - algo que somente os olhos podem nos permitir VER. O ver nos leva a definições e conceitos mais concretos, mais corretos e uma formação de ideia mais precisa, por nos mostrar detalhes daquilo que estamos vendo. O ver não significa que estejamos enxergando, assim como nem sempre enxergamos o que estamos vendo. O ver verdadeiro é investigar profundamente tomando decisões proativas ou reativas e partido em defesa ou ataque; enquanto o enxergar é apenas passar os olhos sem intenção alguma de olharmos tudo o que poderíamos ter visto. Isso acontece quando estamos em algum lugar que não queríamos estar, falando com pessoas que não queríamos falar, lendo qualquer coisa que não queríamos ler. Nada acontece com falta de interesse, de afinidade, de vontade, de querer mesmo, não conseguir ver, apenas enxergar. O ver fica fixado, registrado em nossas memórias, é a tal memória SSD, que eu conhecia como Winchester; já o enxergar é uma memória ram, volátil, não perdura, por não termos dado importância.  Por outro lado, quando algo ou alguém nos interessa, nos chama atenção então nada foge ao olhar perscrutador vendo tudo tudo tudo que precisa para saber, entender, conhecer, procurando os mínimos detalhes. Muitas vezes, nos vinte e quatro anos que fiquei em sala de aula e palestras percebi alunos que estavam me enxergando mas não estavam me vendo, percebia porque meus olhos tinham o costume de olhar para todos que estavam no ambiente. Muitas vezes não estavam nem enxergando, totalmente perdidos em seus devaneios, fora dali, porque eu chegava perto e algo fazia, toque no ombro, alguma palavra de conforto ou alerta, ou um grito no ouvido, dependia do momento numa tentativa, muitas vezes inútil, de buscar a atenção e interesse, para que começassem a me ver. O mundo hoje não nos permite mais VER e não quer mais que percamos tempo com qualquer coisa que seja, fazendo com que nada seja importante e necessário bastando apenas ENXERGAR, para não sermos diferentes, para não sermos alienígenas num mundo de terráqueos que não sabem mais nem enxergar, muito menos ver; que não sabem a diferença entre o que e quando é preciso ver e não apenas enxergar. Mas, o legal é que nunca é tarde para mudar e está a tempo de voltar a vermos tudo e principalmente as pessoas que precisam de nosso olhar verdadeiro e acolhedor. Vamos volta a VER? 

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