OUVIR

Dando sequência ao proposto ontem, escrever mais uma trilogia, agora sobre os sentidos, ontem foi sobre VER, hoje vou escrever o que penso e sei sobre o OUVIR. Na verdade todos os sentidos são importantes e necessários, difícil é discernir qual o mais isso ou mais aquilo, assim como é difícil de dizer qual o filho preferido, todos são iguais, mas sempre tem um que se tem mais afinidades e é assim em tudo na vida. Ouvir é diferente de escutar, indo pela mesma linha de raciocínio do ver e enxergar, se assemelham visto que, nem sempre escutamos o que ouvimos. Ouvir faz parte da nossa natureza, é um processo mecânico, automático, não depende de nada, não depende da nossa vontade de ouvir algo, captamos sons, mesmo de ouvidos tampados não deixamos de ouvir absolutamente nada, pois fica o zunido, o ruído que ecoa lá dentro do ouvido, acredito que seja o tímpano, o martelo a bigorna, a serra elétrica, sei la, o que fica retumbando e zunindo sons inidentificáveis, mas em forma de zunido mesmo. Então, nunca deixamos de ouvir nada, nem mesmo dormindo. Muitos haverão de pensar: mas quando se dorme não se ouve nada; mas digo que sim, ouvimos todos os sons até os mais distantes, inclusive mais nítidos se for um sono à noite, devido ao silenciar de muitas e maioria de atividades, mas não os percebemos não os escutamos porque nosso cérebro mandou silenciar a função compreensão, a função alerta, a função to ligado, para que ele, o cérebro, possa repousar em berço esplendido e se recuperar de tantas informações, tanto barulho, tanta zoeira, tanta coisa para assimilar e que muitas vezes acaba não escutando, ouve, mas o excesso de informações, a explosão de informações, de sons, de diferentes sons, não nos permite concatenar todas as ideias que se apresentam ao nosso intelecto decifrar. O escutar fica comprometido, por mais que tenhamos vontade de prestar atenção, por mais que queiramos escutar e não apenas ouvir o que estamos dispostos. O comprometimento se dá com falhas na compreensão, lapsos de cognição, devaneios ou seja, sair por alguns instantes, podendo ser até em frações de um ressonar imperceptível e incontrolável de um sono perdido e irrecuperável. São vários fatores e causas para nos fazer perde o tempo de entendimento através da escuta. Isso é comum em sala de aula, em palestras, assistindo filmes, e até mesmo conversando com alguém, demonstrando falta de interesse, cansaço por fadiga do assunto ou pessoa enfadonha, mas nem sempre é isso. O cansaço do excesso de trabalho, do pouco dormir para descansar o cérebro e o corpo faz essa desagradável situação acontecer, e não tem o que possamos fazer para que não ocorra, nem litros de café, nem estimulantes sintéticos, nem nada. O ouvir é extremamente importante para podermos tomar conclusões de coisas que vemos, porque o que vemos, como foi dito na postagem anterior, nem sempre é o que os olhos estão enxergando, por isso temos esse outro sensor crítico que é o ouvir. Quando estamos assistindo um filme, cada cena vai ser sentida, percebida e compreendida dependendo da trilha sonora que acontece. Temos sobressaltos em filmes de terror, ficamos apreensivos e na expectativa em filmes de suspense - são os que mais gosto -, ficamos sentimentais e chorosos em filmes românticos e dramas assim como damos risadas e descontraídos nos filmes de comédia. Todas essas reações são proporcionadas pelo ouvir, ou melhor, escutar cada uma das trilhas sonoras de acordo com a mensagem do filme. Observe que as trilhas sonoras que mais fixamos são as românticas e de dramas, por serem mais calmas, tranquilizadoras, lentas e mais fáceis de assimilar nos dando a sensação de estarmos vivendo a cena e assim  nos emocionarmos, visto que nosso cérebro não está trabalhando com pressão para nos apaziguar e nos preparar para enfrentarmos a barulheira que fazem as outras modalidades. Nós deixamos de escutar em ocasiões não apropriadas para o que gostaríamos fosse, então bloqueamos, estando apenas a ouvir mas não escutando mais nada. Nos fazemos de salame, para sermos cortados em rodelinhas, é um ditado muito bem aplicado nesses casos, mas que pode vir a nos comprometer, pois ficamos alheios ao que está sendo dito, colocado e pode vir a ser uma armadilha para nós mesmos e sermos literalmente cortados em rodelinhas e sermos comidos avidamente pela desatenção, pelo desinteresse. Tudo é questão de treino. Eu nunca precisei de despertador tocando horrivel e escandalosamente alto e desrrespeitosamente para me acordar, porque aquele tique toque dos ponteiros não suportava, então criei a agenda na minha cabeça, não importando a hora de ir dormir, eu gravava a hora que precisava acordar e assim acontecia. Basta treinarmos nosso cérebro para o que queremos e assim ele o fará. Podemos ouvir atentamente tudo que estamos escutando, depende só de nós, de nosso interesse, de nossa vontade. Existe o vício do hãã?, sim é um vício, em alguns casos pode ser algum problema lá dentro do aparelho auditivo, mas a maioria e grande maioria das vezes é um vício de fazermos essa expressão para que a pessoas repita o que disse e estávamos desatentos ou não entendemos de forma correta. É uma ferramenta do disfarce. E tu, quais truques utilizas para disfarçar que não escutou, mesmo que tenhas ouvido?
 

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