PREFERENCIAL

Decidi comentar sobre essa palavra porque hoje pela manhã, quando voltava para casa de uma ida ao mercado, com algumas sacolas, não muito pesadas, mas estava com quatro sacolas, ao chegar para atravessar uma rotatória, complicada aos pedestres, pois vem carros de quatro direções e não se sabe se podemos seguir ou devemos parar, e quase sempre vem algum carro de alguma dessas direções, e várias vezes vem de todas as direções ou uma ou duas direções. Por precaução sempre paro, olho para todos os lados e avalio a possibilidade de seguir e atravessar. Tenho esse cuidado, não faz muito tempo, porque um certo dia estava atravessando e vinha um carro bem longe até, e como caminho rápido, a idade ainda não me pegou nesse sentido, resolvi continuar a travessia, mas aconteceu que ao chegar na metade da rua o carro se aproximou rápido, inclusive com velocidade imprópria, e nem pensou em parar ou diminuir a velocidade mesmo tendo visto que estava chegando no ponto que ela, era uma mulher, para minha surpresa, porque as mulheres são bem mais cautelosas e atentas para isso, também chegava e poderia e deveria ter parado, mas não parou e ainda me deu um esporro com a buzina. Eu parei, não pelo buzinaço  mas porque percebi que o carro vinha veloz e não sabia se iria parar ou não, então parei. Quando ela buzinou levantei os braços com as sacolas e gritei EITAAAA, e ela gritou já fazendo a rótula, É MINHA PREFERENCIAL, então falei, claro que ela não ouviu porque a essas alturas já estava quase na sinaleira, MAS QUEM DEVERIA TER PREFERENCIAL SOU EU, QUE ESTOU A PÉ, CHEGUEI ANTES, SOU IDOSO (embora não se perceba) E COM SACOLAS (não pesadas como já disse, mas a pessoa no carro não sabia se eram ou não e poderia ter diminuído a velocidade e parado o carro para eu ter passado). Comecei a pensar em tantas situações que acontecem as arbitrariedades, não só com idosos mas em geral com todos os tipos de pessoas, não importando sexo, raça ou o que seja, por pessoas que se acham acima de qualquer coisa que seja, que se acham no direito de fazer e acontecer porque podem por isso ou aquilo, nem vou entrar nos méritos dos detalhes, mas nesse meu caso e acontece muito, quem está dirigindo um carro acha que a preferência é dele mesmo e o pedestre que está errado. Então surgem os pensamentos adjacentes: quem é mais importante uma pessoa ou um carro? As ruas são asfaltadas para conforto das pessoas ou pra não estragarem os carros? Nem mesmo em dias chuvosos essas pessoas se sensibilizam e dão a preferência para aqueles que estão se molhando em detrimento de perder alguns segundos para permitir que o pedestre siga e possa sair o mais rápido da chuva. Isso quando ainda não respeitam e passam por poças d'água embarradas e sujas jorrando nas pessoas, e o pior, dando risada, fazendo escárnio da pessoa. Quando dirigia, sempre dava a preferência para as pessoas e em dias de chuva procurava desviar de poças de água para evitar sujar quem estivesse passando  A preferência deveria ser SEMPRE da pessoas. As pessoas são mais importantes do que qualquer coisa. Não gosto de usar minha condição de idoso para furar fila, para certas facilidades que poderia usufruir. Se tenho condições de enfrentar, por que não? Na época que andava de trensurb, foram 11 anos, diariamente, manhã, tarde e noite usando, e ali vi muitas coisas erradas, e metido como sempre fui, não aceitando injustiças, não sei como nao levei alguns socos, porque dava pra sentir no olhar das pessoas quando pedia para elas levantarem dos lugares reservados, e foram várias vezes que fiz isso. Mas não posso ver injustiças . E o que mais se vê por aí é injustiça, inclusive até idosos sendo injustos, querendo levar vantagem por já estarem nessa condição. Tanta coisa se passou na minha mente, até que... cheguei em casa. Ficaria horas escrevendo e relatando, mas não dá. Paro por aqui pedindo às pessoas que andam motorizadas, sejam sensatos e dêem a preferência para o pedestre, não é por nada não, é apenas para demonstrar um pouco mais de humanidade. Não precisa dar carona, ajudar, apenas deixar passar. Vamos praticar o bem?